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R$ 50,00
“A confissão (2009) tem como protagonista o Conde Vladimir Hilario Orlov, especialista em “falar, contar, inventar” e “virtuoso da amnésia”. Com ele a leitora e o leitor sentam num sofá durante festejo familiar cheio de crianças e parentes de todos graus, num certo bairro de Buenos Aires. Um menino faz o relato disparar a toda ao se apossar das lentes de cristal de um velho projetor, cobiçadas pelo Conde. Este é um descendente de europeus do leste na Argentina profunda de peronistas e antiperonistas, fratura exposta na narrativa. Orlov, um intelectual “curtido no sindicalismo combativo e na imprensa trabalhista” mas com tendências aristocráticas, é também “um farsante inveterado” que nunca trabalhou e pretende ainda uma vez garantir a sobrevivência (leitmotiv recorrente em Aira) recuperando o pequeno tesouro com seu “brilho tóxico”. O que vem a seguir – um jorro de sangue do palato, a demora do médico no casamento da paralítica, as balas Átomo de Orlov-Moldava, as balas Gol Atômico, a fúria do velho Moldava com a concorrência, os cabecitas negras, Elena Moldava de Parque Patricios, a marcha dos Metalúrgicos, o duelo de relatos, a pobreza, o nenê fumante, o Amo do Jogo (da guerra), a potência de iluminação das imagens… –, o que segue não é (nunca é) passível de resumo na prosa de César Aira”. (Texto de Joca Wolf)
Tradução de Ieda Magri, Hugo de Almeida, Juliana Ribeiro e Mariana Teixeira
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R$ 45,00
A meio caminho entre um caderno de anotações, um diário, um rascunho de ideias, este livro raro de Aira reune pensamentos sobre literatura e arte, descrições de sonhos, lembranças de suas primeiras leituras, observações sobre a memória e o esquecimento e digressões sobre a arte da ficção. O livro está composto por uma série de fragmentos de não mais de uma página que, em espaço reduzido, funcionam com a potência inesperada do haicai.
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R$ 65,00
“O não-tempo impõe ao tempo a tirania da sua espacialidade: em todas as vidas, há um norte e um sul, e o oriente e o ocidente. No ponto mais extremo, ou, pelo menos, no cruzamento, é a enfiada das estações sobrevoadas, a luta desigual da vida e da morte, do fervor e da lucidez, talvez até mesmo a do desespero e da nova queda, a força também de olhar sempre o amanhã. Assim vai toda e qualquer vida. Assim vai este livro, entre sol e sombra, entre montanha e mangue, no crepúsculo quando não se distinguem cão e lobo, claudicando e binário.Tempo também de dar cabo de algumas fantasias e alguns fantasmas”.
Aimé Césaire, apresentação do seu último livro de poesias, eu, laminária…
Tradução, posfácio e notas de Lilian Pestre de Almeida
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R$ 45,00
O ano é 1840. O lugar é o Vale do rio Cauca, na região sul-ocidental da Colômbia. Vários quilombolas e libertos uniram-se ao exército dos rebeldes esperando apoio para sua causa: a abolição da escravidão. Nay da Gâmbia, escravizada que administra a horta de uma das fazendas de Ibrahim Sahal, acredita que a verdadeira liberdade não se consegue por meio da lei. Para ela, o único caminho é o retorno ao seu país de origem. Junto a seu filho, Sundiata, começará um longo e difícil percurso à procura desse sonho. Neste romance, vencedor do Prêmio Casa das Américas 2015, a colombiana Adelaida Fernández Ochoa nos oferece outra visão da história da luta pela liberdade através da voz e do olhar daqueles que foram escravizados.
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R$ 45,00
Vencedor do prêmio Indio Rico de autobiografia num ano em que o júri contava com Ricardo Piglia, María Moreno e Edgardo Cozarinsky, Na pausa é um relato lindamente pessoal, fragmentado, de alguém que escolhe se voltar para os espaços em branco — os intervalos de que uma vida também é feita — para narrar a si mesmo. Esse é o modo que Meret encontra de prestar contas com a riqueza das suas experiências. E de dar forma a um modo peculiar (e peculiar porque rico, estranho, interessante) de existir.
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R$ 50,00
Associamos o gênero “literatura de viagens” a grandes movimentações pelo globo, cenas exóticas, distâncias impressionantes. Aqui, vemos uma torção peculiar do gênero: motivado pela leitura de um breve texto de Georges Perec, o escritor argentino Elvio E. Gandolfo escreve sobre as viagens de ônibus que, durante anos, realizou entre Rosário e Buenos Aires. Mesclando o tom de um relato de viagens com o de anotações em diário íntimo, Gandolfo transforma o travelogue em uma exploração meticulosa e delicada das alterações na percepção das paisagens, das estradas, dos encontros e das histórias que transcorrem durante os mais comuns trajetos, nos quais os desvios e recomeços que o texto narra são também constitutivos do modo como, aqui, se narra. Nesse processo, o ordinário se transmuta, revelando uma fisionomia com traços novos e mostrando – ao mesmo tempo para o narrador e para o leitor – que em toda viagem há também um percurso em um “mundo privado”, que a produção recente do autor tem buscado revelar e explorar.
Tradução: Davidson Diniz
Primeira edição: 2019
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R$ 60,00
Em 1929, depois de algumas tentativas de suicídio, Robert Walser foi levado ao hospício de Waldau pela irmã que o adorava. Em 1933, foi transferido a contragosto para o hospício de Herisau e parou de escrever. Em 1936, o editor e filantropo Carl Seelig, grande admirador da obra de Walser, foi autorizado a visitá-lo regularmente e a acompanhá-lo em passeios pelo campo e pelas montanhas. Durante 20 anos, os dois se encontraram para longas caminhadas pelas paisagens suíças. Esses encontros, em que conversavam sobre a literatura, a amizade, a natureza, estão registrados neste belo Passeios com Robert Walser. (Bernardo Carvalho)
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R$ 40,00
Roberto Videla narra, em Perla, o encontro entre uma mãe e seu filho. Generoso e delicado, atento aos detalhes da intimidade, seu relato consegue capturar diversos matizes da relação filial e, ao mesmo tempo, esboçar um retrato do passar da vida numa cidade do interior da Argentina. Narrativa de desafios sutis, disfarça em sua simplicidade um convite para observar, como disse uma vez Barthes, “a família sem o familialismo”.
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R$ 40,00
No interstício entre a ficção e o autobiográfico que marca toda sua literatura em Risos e quebrantos, uma breve novela partida, o escritor argentino Roberto Videla narra os últimos momentos da vida de sua mãe Perla – personagem protagonista de um de seus romances anteriores. Em Risos e quebrantos o narrador da história vincula seu passado, as lembranças de sua infância na Argentina, e de sua juventude na Itália, com o presente da narração, o tempo em que sua gata Piru sofre um grave acidente e sua mãe está morrendo. Com uma escrita sempre delicada e um olhar intimista Videla nos transporta para uma viagem sensorial e emocional que impacta pela sua força e sua beleza.
Tradução de Carolina Machado
Imagem de Capa de María Jimena Herrera
Primeira Edição: 2024
72p.
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R$ 45,00
Esta reunião de dois livros do escritor chileno Marcelo Matthey – Escrevi tudo isso entre dezembro de 1987 e março de 1988 e Sobre coisas que aconteceram comigo – é uma espécie de filho tardio e inesperado da ambição flaubertiana de escrever “um livro sobre nada”, “um livro que quase não tivesse nenhum tema, ou no qual, pelo menos, o assunto fosse quase invisível”. São dois diários, bastante esparsos e marcados por uma atitude ao mesmo tempo benevolente e inquieta, numa prosa que é tão clara quanto misteriosa. Há um momento no qual, ouvindo um concerto de música ao vivo, Matthey escreve: “Prestei atenção nos sons que o solista faz quando não canta, principalmente na respiração e nos gemidos”. É de dentro de gestos assim – atentar para os intervalos da música, observar um galinheiro, descrever os demais leitores de uma biblioteca pública, pegar um ônibus, escutar gente falando na rua, ir à praia – que podemos perceber o tema “quase invisível” dos livros de Matthey, e a pulsação viva de uma escrita única.
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R$ 60,00
“Tudo é grande demais para a pobre medida da nossa pele” reúne um conjunto de resenhas imaginárias de livros tramados pela fecunda criatividade de seu autor, Bernardo Brayner. Seguindo uma conhecida ideia de Borges, que acreditava ser empobrecedor escrever livros de quinhentas páginas expondo ideias que cabem em poucas, Brayner confecciona seu livro a partir de fragmentos diversos e heterogêneos de outros livros (todos eles inventados), mas que, várias vezes, se comunicam produzindo a sensação de uma narrativa unificada. Além da imaginação que abunda na composição de cada um dos argumentos literários, o livro é enriquecido pelo desenho das capas, fotos e entrevistas com alguns dos autores(as) imaginários.
Desenhos de Ana Vizeu.
Fotos de Paulo Borgia.