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R$ 0,00
As relações de gênero, sexualidade, afeto e família estão no epicentro dos debates político-morais que atravessam nossa realidade contemporânea. Seus limites, formas e dinâmicas apresentam-se como matéria de governos e violências. E, às vezes, como parte do desejo por governos violentos que vemos circular e ganhar espaço crescente em nossa sociedade. A chegada da coletânea (Des)prazer da norma deve ser saudada, assim, não apenas com admiração intelectual pelo rigor teórico e apuro etnográfico presentes em cada texto, mas também com o reconhecimento da coragem política e epistemológica que nela pulsam.
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R$ 50,00
“A confissão (2009) tem como protagonista o Conde Vladimir Hilario Orlov, especialista em “falar, contar, inventar” e “virtuoso da amnésia”. Com ele a leitora e o leitor sentam num sofá durante festejo familiar cheio de crianças e parentes de todos graus, num certo bairro de Buenos Aires. Um menino faz o relato disparar a toda ao se apossar das lentes de cristal de um velho projetor, cobiçadas pelo Conde. Este é um descendente de europeus do leste na Argentina profunda de peronistas e antiperonistas, fratura exposta na narrativa. Orlov, um intelectual “curtido no sindicalismo combativo e na imprensa trabalhista” mas com tendências aristocráticas, é também “um farsante inveterado” que nunca trabalhou e pretende ainda uma vez garantir a sobrevivência (leitmotiv recorrente em Aira) recuperando o pequeno tesouro com seu “brilho tóxico”. O que vem a seguir – um jorro de sangue do palato, a demora do médico no casamento da paralítica, as balas Átomo de Orlov-Moldava, as balas Gol Atômico, a fúria do velho Moldava com a concorrência, os cabecitas negras, Elena Moldava de Parque Patricios, a marcha dos Metalúrgicos, o duelo de relatos, a pobreza, o nenê fumante, o Amo do Jogo (da guerra), a potência de iluminação das imagens… –, o que segue não é (nunca é) passível de resumo na prosa de César Aira”. (Texto de Joca Wolf)
Tradução de Ieda Magri, Hugo de Almeida, Juliana Ribeiro e Mariana Teixeira
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R$ 62,00
Writing Culture é uma coletânea de artigos de prestigiosos antropólogos de formação anglo-saxã, editada originalmente em 1986, que demarcou uma nova tendência intelectual nos estudos sobre a sociedade e a cultura, hoje conhecida como “pós-modernismo” (ou, pelo menos, como um dos “pós-modernismos”). Seus autores tinham formações acadêmicas muito diversas, mas se haviam unido dois anos antes em um seminário da School of American Research, realizado em Santa Fé, para discutir a questão da “elaboração dos textos etnográficos”. A relação entre a experiência etnográfica e a construção das narrativas em que se apresentam a análise e a interpretação dos supostos “fatos” é o cerne da discussão aqui encetada.
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R$ 65,00
Ao invés de apresentar uma análise de como os beduínos Awlad ‘Ali se organizam e se comportam, feita em sua primeira etnografia “Veiled Sentiments”, desta vez Abu-Lughod narra episódios e histórias que presenciou e ouviu, para argumentar que instituições e valores culturais ganham existência através de indivíduos particulares. Publicado originalmente em 1993, continua sendo um ensaio primoroso sobre a construção das representações antropológicas enquanto questão teórica, metodológica e política. Esta cuidadosa tradução para o português feita por Maria Claudia Coelho oferece assim ao público brasileiro a oportunidade de desfrutar de um dos melhores experimentos de escrita da antropologia americana pós-moderna.
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R$ 65,00
“A Grande Camuflagem revela o jogo de ocultações da verdade africana nas Antilhas, escondido sob as roupagens do olhar colonial. Para Suzanne Roussi Césaire, a descoberta e reconhecimento da identidade antilhana, – fruto de um processo histórico de “mestiçagem contínua” que lhe confere pluralidade – demanda duas ações: transcender as antinomias branco/preto, europeu/africano, civilização/barbárie, tão relevantes na época em que viveu; mas também, libertar-se da mediocridade cultural geradora de “uma literatura de redes, açúcar e baunilha”. A Grande Camuflagem é uma obra de escritos apaixonantes e apaixonados, isto é, de escritos dissidentes”. (Mara Viveros)
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R$ 40,00
Estreamos a Coleção Bertolt, em grande estilo, com a publicação do livro contendo as obras “A Ilha Deserta” e “Savério o cruel”, do escritor e dramaturgo argentino Roberto Arlt.
A ilha deserta: Em uma luminosa oficina no topo de um arranha-céu, uma equipe de funcionários e funcionárias decidem parar o trabalho e acabam em uma suruba, enfeitiçados pelos relatos de viagens fantásticos do faxineiro Cipriano, o mulato.
Savério o cruel: Um grupo de mauricinhos e patricinhas inventa uma zombaria perversa contra Savério, o manteigueiro da família. Trata-se de uma farsa na qual Susana finge estar louca e precisar da ajuda de Savério, quem deverá assumir o papel de um coronel golpista para tentar curá-la, convertendo-se assim em “Savério, o cruel”. (Qualquer semelhança desta ficção ambientada em 1936 com acontecimentos atuais do Brasil é mera coincidência!)
Tradução: Rodrigo Labriola, Victória Louise Mattos e Luana Schweizer
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R$ 65,00
“O campo é um momento que existe na memória,
que aparece como mágica a cada linha que escrevemos sobre ele”.
Neste livro, Igor Machado olha meticulosamente para o seu passado, o transforma em trabalho de campo e propõe realizar uma antropologia ex post facto. É um esforço retrospectivo para definir quem foram os interlocutores, sobre o que trocaram e o que foi, afinal, aquele empreendimento de pesquisa.
Ele dissolve as fronteiras entre “eu”/“outro”, “dentro”/“fora”, “casa”/“campo”, “campo”/“não campo”, “tempo”/”espaço”. Mais do que isso, ele propõe um embaralhamento entre vida e antropologia para produzir conhecimento sobre as esferas do vivido.
Sem nunca ser um manual, este é um livro sobre métodos de pesquisa. Uma discussão que começa em nossas memórias íntimas e, numa aventura arrojada, amplia lindamente os limites da etnografia. (Texto de Soraya Fleischer)
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R$ 80,00
Este livro adentra no mundo das pessoas e das imagens sacras que se interligam na preparação e celebração da Semana Santa em Ouro Preto, MG. A densa etnografia atualiza a literatura sobre rituais, agência dos artefatos e metodologias de pesquisa sensíveis às estéticas nativas, apostando numa forma diferente de conhecer a cidade histórica. O estudo enfoca Ouro Preto desde um contexto efêmero, festivo e contemporâneo, com efeitos sobre a memória coletiva. Pessoas e imagens se convertem em atores que dramatizam as cenas da paixão de Cristo, incluindo outros personagens da história sagrada. Seguindo os personagens desde os bastidores da festa popular mineira, o autor combina um olhar poético à abordagem minuciosa das encenações e materialidades, com ampla documentação fotográfica. Descreve-se a rixa festiva entre os moradores de duas paróquias da cidade, que rivalizam na feitura de uma celebração “tradicional”. Ao longo dos capítulos, os leitores acompanham a transformação dos atores rituais e os dilemas da intersecção entre ritual e teatro, religião e arte.
1a edição: 2024
Brochura
444 p.
ISBN 978-65-87785-48-6
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R$ 70,00
Ex-votos deveriam ser coisas inalienáveis? Essa incômoda pergunta se junta a tantas outras formuladas por Lilian Gomes em A Peregrinação das Coisas a respeito das motivações que levam imagens de santos e ex-votos a serem deslocados de lugares de culto para museus e galerias. Para mergulhar nesse universo a autora dessa obra primorosa nos joga num emaranhado perplexo de questões existenciais e também terrenas. Ela percorre territórios no Rio Grande do Norte, circulando entre Natal e o interior do estado, acompanhando seu principal interlocutor em busca de objetos em santuários, antiquários e fazendas. A exposição Casa dos Milagres – Santos e Ex-votos na Coleção de Antônio Marques é o clímax dessa narrativa que surpreende nos detalhes, com um tema a um só tempo delicado e também articulador de uma malha – construída no percurso – de sujeitos e objetos que demonstram um intenso dinamismo ao trocarem de lugar sem perder posições. De objeto devocional a objeto de arte, essas coisas tornam-se sujeitos nessa investigação. Daí enfim a feliz noção de “peregrinação das coisas”, que são acompanhadas por pessoas durante seus deslocamentos. As ambiguidades que envolvem a convivência de atividades econômicas e sagradas apontaram para hibridismos, como um conceito que melhor nos serve nos tempos atuais, para compreender as interações do mundo contemporâneo. Com seu texto fluido e instigante a autora nos seduz a itinerar junto com esses objetos, observando seus modos de “improvisar, interligar” e, além disso, “deixar vazar”, pois a peregrinação das coisas não revela, ao fim, um destino.
O que importa é o percurso.
Márcia Regina Romeiro Chuva
Professora do Departamento de História da UNIRIO
1a. Edição: 2024
372p.
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R$ 65,00
Neste livro, composto por 10 ensaios, a antropóloga Fátima Lima escreve sobre a poética das vidas negras. Para isso, percorre experiências sociais atravessadas pelo racismo antinegro, pela bionecropolítica, categoria que atravessa o livro como um todo, mas também pelas agências e resistências do povo preto. Autores como Achille Mbembe e Frantz Fanon, fundamentais no pensamento da autora, se compenetram criticamente com outros pensadores e epistemologias: Silvia Cusiquanqui, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Ailton krenak, bell hooks, Angela Davis, Audre Lorde, Jota Mombaça, Gada Kilomba, Conceição Evaristo, Denise Ferreira da Silva, Abdias do Nascimento, entre muitos outros. Assim, este livro nos apresenta observações agudas sobre a questão racial em situações de crise, como a covid 19, em exposições artísticas, no pensamento feminista, na critica negra radical, etc. Livro repleto de poesia e de negritude, é imprescindível para aqueles que procuram rotas de fuga antirracistas.
Prefacio de Luiza Rodrigues de Oliveira
Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Universidade Federal Fluminense
Epílogo de Cecília Izidoro
Professora Associada da Escola Anna Nery UFRJ
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R$ 45,00
A Perversão Domesticada analisa o discurso BDSM — sigla para práticas sexuais que envolvem dominação, submissão e sadomasoquismo —, tal como presente em manuais de orientação para sua prática, disponíveis na internet. O foco está na importância atribuída à garantia de que a prática do BDSM seja “sã, segura e consentida”. Particularmente central para os praticantes é a noção de “consentimento”, condição essencial para que o BDSM não se confunda com a violência sexual.
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R$ 50,00
Neste livro Alberto Giordano reúne ensaios que percorrem diários de escritores como Virginia Woolf, Rodolfo Walsh, Julio Ramón Ribeyro, Alejandra Pizarnik, John Cheever, Roland Barthes, Rosa Chacel e Ángel Rama. Ao tempo que o ensaísta nos faz mergulhar nas vidas, pensamento e hábitos do oficio dos escritores, sua analise vai deixando ao descoberto as principais características do gênero, desenhando um mapa possível para quem quer se adentrar pelos meandros deste tipo de escrita da intimidade.
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R$ 45,00
Este livro descreve um encontro entre uma equipe de saúde, chamada consultório na rua, e aquelas pessoas que se tornaram, ou não, suas usuárias. Encontro dado nas ruas, calçadas e nas linhas de trem da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se também do encontro entre uma certa droga, o crack, e muitos corpos, inclusive aqueles institucionais que emergiam e intervinham nas cenas muitas vezes com um ímpeto de extermínio. E o que dizer da cor daqueles corpos que apareciam como alvos dessas instituições? O livro de Erick Araujo anuncia como a vida se dá concretamente nos encontros nas ruas e nas cenas de uso de crack, como a partir deles ativa-se todo um manejo existencial.
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R$ 60,00
Neste volume, Maria Claudia Coelho nos apresenta reflexões valiosas que dão continuidade a seu trabalho de mais de vinte anos sobre as emoções como objeto das ciências sociais. Nos artigos aqui reunidos, o foco é o lugar das emoções na produção do conhecimento científico. A partir de relatos de várias origens – de pesquisadores, de sua própria trajetória acadêmica e do público leigo, Maria Claudia recorre à análise dos sentimentos como meio para discutir aspectos do trabalho intelectual e também dimensões institucionais da produção científica. Elementos da história recente do país, como os conflitos políticos em torno da eleição de Jair Bolsonaro em 2018 e a pandemia de Covid-19, instigam questionamentos importantes sobre a relação entre emoção e cognição, mostrando a importância dos sentimentos no debate público sobre saúde e política. Assim, este livro é mais uma contribuição valiosa da autora para a antropologia das emoções de forma geral e como campo potente no Brasil.
Texto de Claudia Barcellos Rezende
Instituto de Ciências Sociais/UERJ
1a. Edição: 2024
188p.
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R$ 62,00
As cores da masculinidade é um livro importante e inspirador. Combina pesquisa social agudamente observada, apresentação clara de um campo de conhecimento emergente e uma perspectiva pós-colonial particular sobre gênero, homens e masculinidade. Abordando questões sobre masculinidades negras, o livro também revela a fabricação da branquidade e da masculinidade hegemônica branca. O público leitor alcançará uma compreensão mais profunda da violência social, da cultura popular e do racismo, bem como das mudanças contemporâneas nas relações de gênero.
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R$ 25,00
Neste pequeno ensaio, o escritor catalão Rafael Argullol (1949), percorre as imagens e significados do mar na literatura. Evocando obras de Paul Valéry, Herman Melville, Joseph Conrad e Edgar Allan Poe, Argullol propõe uma viagem pela “linha do horizonte” como espaço ideal para compreender as distintas formas de ser. “Há dois tipos de homens”, diz o autor, “os que sonham com aventuras através do mar e os que não. Uns e outros são irreconciliáveis”.